O post de hoje é especial, escrito por uma pessoa super especial: o nosso professor de Teatro Wagner Pinheiro. Ele tem feito um trabalho bem bacana com nossos alunos, com diversas atividades que os estimulam a resolverem problemas e superarem desafios.
Para falar sobre este trabalho, ninguém melhor do que o próprio professor. Gostaria então, de agradecer ao Wagner por ter aceitado o convite para escrever para nosso blog.
Com a palavra, o professor Wagner.
TEATRO NA ESCOLA
Qual a função do teatro no meio escolar? O que tenho feito no meio
escolar na perspectiva da pedagogia da presença? Qual a coisa certa
a ser feita? Qual o momento certo da coisa certa a ser feita?
Essas questões movimentam os meus pensamentos, minhas vontades e
minha imaginação permanentemente. Toda a minha experiência
pedagógica vivida durante a prática e a teoria teatral de formação
na escola e na universidade através da extensão, do ensino e da
pesquisa revelaram-se um complexo contexto social em que a prática
teatral na escola se reconfigura como uma experiência do cotidiano.
Nesse sentido, a premissa essencial do ato teatral que é a sua
qualidade efêmera coaduna-se com a efemeridade dos tempos das aulas
na escola. Os alunos veem cada tempo de aula como um tempo
absoluto em si mesmo, ou seja, a perspectiva dele é ver a aula, no
caso, a aula de teatro, como sendo uma aula que tem um começo, meio
e fim para cada tempo. Portanto, a questão da continuidade da aula
fica comprometida ou pelo menos torna-se uma problemática em si e a
sensação que fica é que recomeço sempre do ponto Zero.
Isso não significa algo negativo, ao contrário, o teatro se
bifurca em duas formas de ações: o jogo dramático e o jogo teatral,
em que ambas se complementam como uma preparação para encenação.
A primeira, trata-se de trabalhar o teatro no sentido do jogo
dramático. Os alunos nessa perspectiva experienciam simbolicamente
situações problemas que estimula-os a agirem no sentido de
encontrar possíveis soluções. Peter Slade, pensador do teatro e
educação, dizia que há dois elementos fundamentais para que a
experiência do aluno no jogo seja vivenciada: envolver-se e ser
sincero. É necessário que ele se envolva com a situação problema
e seja sincero nas suas ações para vivenciar profundamente uma
experiência poética. Essa experiência cria a dimensão consciente
entre o ficcional e o real.
Veja que são dois elementos essenciais à
vida e seus possíveis desdobramentos. A dobra aqui no caso é o
teatro que, pressupõe no exercício do aluno, o ato solidário de se
colocar no lugar do outro, assim podendo aprender a ver por outras
perspectivas diferentes. Sem esses dois elementos apontados pelo
autor Peter Slade em O Jogo Dramático Infantil, torna-se impossível
qualquer cognição, seja ela do ponto de vista emocional ou
psíquico.
Outro pensador Jean-Pierre Ryngaert que escreveu o Jogo Dramático no Meio Escolar apontará outros dois elementos tão importantes quanto os posteriores citados acima: a prontidão e a flexibilidade. Exercitar também esses dois outros elementos significa possibilitar um corpo afetivo e mais flexível diante de conflitos e possíveis soluções. O grau de prontidão para solucionar o problema gera autonomia e a capacidade de improvisar possíveis soluções. Creio que a primeira pergunta feita lá no início do primeiro parágrafo esteja já, ao menos, esboçada. Sim, porque a função primeira do teatro no meio escolar é não liquidar, atrofiar ou matar a espontaneidade criativa do aluno.
Outro pensador Jean-Pierre Ryngaert que escreveu o Jogo Dramático no Meio Escolar apontará outros dois elementos tão importantes quanto os posteriores citados acima: a prontidão e a flexibilidade. Exercitar também esses dois outros elementos significa possibilitar um corpo afetivo e mais flexível diante de conflitos e possíveis soluções. O grau de prontidão para solucionar o problema gera autonomia e a capacidade de improvisar possíveis soluções. Creio que a primeira pergunta feita lá no início do primeiro parágrafo esteja já, ao menos, esboçada. Sim, porque a função primeira do teatro no meio escolar é não liquidar, atrofiar ou matar a espontaneidade criativa do aluno.
Isso significa fazer um exercício permanente e afetivo da
capacidade do professor de estar criando e recriando espaços
acolhedores e propícios à criatividade e a descoberta do
conhecimento. É exatamente isso que procuro cotidianamente e
constantemente fazer no meio escolar. Crio com isso e aos poucos um
memorial de imagens de aulas ocorridas para futuras análises da
prática. Esse material servirá fundamentalmente para os alunos
porque são eles que terão a possibilidade de se verem e
autoanalisarem suas práticas cotidianas. É uma tarefa com muitos
desafios. Por que desafios? Desafios porque no jogo teatral, forma
que pressupõe a presença da plateia e a intencionalidade de
encenar uma obra, implica numa construção estética, numa forma,
numa apreciação e num prazer de mostrar o que está sendo feito.
Portanto, qual a coisa certa a ser feita? A questão retorna como um
eco histórico que, necessita exercitar o aprender a aprender, o
aprender a Ser, o aprender a fazer e o aprender a conviver, através
dos pilares da educação para o século XXI, onde o jogo dramático
é a coisa certa ser feita neste momento. Vejo que durante as aulas a
coisa certa é insistir na prática dos dois elementos para
instauração do jogo: o envolvimento e a sinceridade, bem como, a
flexibilidade e a prontidão. Nesse sentido o teatro está
estimulando a curiosidade e a vontade de potência - que é a de
criar um trabalho e mostrar. Refletindo sobre essas conjunturas das
formas teatrais e as necessidades primeiras dos alunos percebo que é
o jogo dramático, como espaço de experiência simbólica sem a
intenção de mostrar resultados, o meio positivo de encorajar os
alunos para o jogo teatral.
O momento certo da coisa certa a ser
feita é o aqui e agora para possibilitar uma vivência poética
através do jogo dramático porque é ele que liberta os alunos do
compromisso de resultados, ao mesmo tempo, e paradoxalmente, eles
estão sendo preparados e estimulados a mostrar um resultado. E, esse
caminho é longo e não termina no ensino fundamental, ele é para
toda a existência: é para uma prática da existência.
Uma das atividades realizada com o Time Antuak.
Uma das atividades realizada com o Time Antuak.
Esse é um exercício de montar e desmontar os diversos cubos criando possíveis naves trabalhando o aprender a aprender, aprender a conviver, aprender a fazer e aprender a Ser.
- Um desafio constante!
- Um desafio constante!
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